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3/25/2007

A SINDROME DA GABRIELA


A SÍNDROME DA GABRIELA


Por Rogério Martins


Certamente quem já passou dos 40 lembra da novela Gabriela, Cravo e Canela. Mais precisamente da protagonista: Sônia Braga. No auge da beleza ela dava vida ao personagem desejado pelos homens e invejado pelas mulheres: Gabriela. Mas o que tem a ver a novela com o mundo corporativo? A novela em si quase nada, mas a música tema da trama brilhantemente escrita por Jorge Amado tem sim tudo a ver.


Os versos cantados por Maria Bethânia traziam um tom brejeiro para o personagem e dizia

assim: “eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim... Gabriela... sempre Gabriela”.


A partir destes versos eu afirmo: tem muita gente com síndrome de Gabriela!Quantas pessoas você conhece que repetem o discurso: eu nasci assim, e sou mesmo assim e não mudo , não mudo e não mudo! Tenho certeza que já se deparou com diversos colegas que falam, pensam e agem desta forma.


O fato é que com tantas mudanças ocorrendo no mundo afora ainda tem gente que insiste em querer fazer tudo igual, sem chance de abrir uma possibilidade para o novo. Pior é quem acredita que essa postura retrógrada é boa para si e para a empresa.


A única certeza que temos é que tudo mudará! Para uma empresa crescer é necessário passar por mudanças. Para um profissional ascender na carreira também. Claro que nem toda mudança é positiva, mas, quanto mais resistimos ao inevitável, mais sofremos. Por isso, é preciso aprender sobre elas e com elas.Realmente não é fácil lidar com as mudanças.


Existem muitos fatores que levam as pessoas a lidar de forma negativa com as mudanças. Entre eles destaco três: a homeostase, o interesse pessoal e o pensamento de curto prazo. Existe uma velha frase no meio esportivo que reforça a idéia de homeostase: em time que está ganhando não se mexe. É aquela pessoa que quando sai de feris viaja sempre para o mesmo lugar e faz tudo sempre igual.


Seguramente está perdendo a oportunidade de aprender com o novo e descobrir outras possibilidades.Há pessoas que simplesmente não mudam por puro interesse pessoal. Infelizmente vemos diversos casos assim na política nacional, nas entidades de classe, em cargos de comando nas empresas e em outros ambientes onde estas pessoas de alguma forma se beneficiam com esta estagnação.


O pensamento de curto prazo normalmente acomete as pessoas falta de hábito em planejar. Enquanto há aqueles que vivem planejando e raramente fazem alguma coisa, há também outros que não pensam no futuro. Somente vivem em suas vidas como aquela outra música do Zeca Pagodinho e que chamo de hino da inoperância: “deixa a vida me levar, vida leva eu...” Como tem gente nas empresas agindo assim e se sentindo o máximo.O resultado de tudo isso é o medo! Basicamente as pessoas têm medo das mudanças por causa do medo.


O medo nosso de cada dia: o medo de dar errado, o medo de não conseguir, o medo de se frustrar, o medo de arriscar, o medo de ridículo, o medo de não ser aceito, o medo de sentir medo.


*Diante de tudo isso, será que é possível lidar bem com as mudanças? Claro que sim, mas para isso é preciso criar um ambiente favorável e que passa por alguns aspectos: melhorar a comunicação entre todos os níveis; fortalecer o pensamento estratégico e de longo prazo a todos os funcionários; preparar mais e melhor as lideranças; gerar oportunidades para que as pessoas tentem e participem sem o medo da punição; e fundamentalmente difundir o conhecimento, os planos de futuro e as expectativas do presente.


Com estas ações é possível criar um clima interno de motivação para a mudança.Outro fato é que a mudança está cada vez mais acelerada. Com os avanços tecnológicos e das comunicações o mundo se torna constantemente mais veloz.


Também temos o fator densidade populacional. Há mais pessoas no mundo o que aumenta a concorrência. Para se destacar em meio à multidão é preciso uma excelente capacidade de adaptação. As teorias de Charles Darwin também podem servir para o mundo corporativo. Ou seja, hoje em dia e no futuro sobreviverão aqueles que forem mais ágeis, mais rápidos, mais dinâmicos e acertativos.


Portanto, fique alerta para perceber se você também não pegou o vírus da síndrome da Gabriela. O primeiro sintoma é começar a achar que tudo está bom do jeito que está!Rogério Martins é psicólogo, professor universitário, Consultor Organizacional e Palestrante sobre comportamento, gestão de pessoas e motivação humana.



UM BEIJO NO SEU CORAÇÃO

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